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Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.

Paulo Freire

 

Caros Cursista,

Conforme programado no ultimo encontro presencial, estamos postando abaixo o texto para o desenvolvimento da nossa primeira atividade. Pedimos a compreenssão de todos pois esse texto iria ser postado em forma de Slide, porém como o nosso blog está em período de ajustes, tivemos de improvisar apenas o texto, porém é o que mais interessa para responder a atividade. Boa sorte a todos!


 

Atividade 1.1   

 

Reconhecendo as interfaces existentes entre escola, sociedade e tecnologias.

Esta atividade se constitui inicialmente da leitura do texto que segue e da elaboração por escrito de algumas reflexões sobre a complexa relação homem-técnica e inserção dos computadores e da Internet na escola. Ela é composta de três momentos:

Momento 1: Leitura do texto;

Momento 2: Elaboração e redação das reflexões com sua compreensão sobre a questão Inclusão Digital;

Momento 3: Discussão presencial com seus colegas e formadores.

Momento 1 - Leitura do texto.

Convidamos você a iniciar a leitura. Enquanto estiver lendo, nós iremos sugerir uma série de momentos e questões para reflexão. Em cada um deles anote as ideias, questionamentos e dúvidas que forem surgindo.

 

Por que precisamos usar a tecnologia na escola? As relações entre a escola, a tecnologia e a sociedade.

Por Edla Ramos

Se este texto estivesse sendo lido por você a vinte e tantos anos atrás, uma questão que provavelmente apareceria, seria se deveríamos ou não usar as novas (nem tanto mais) tecnologias na educação. No início da década de 80, havia o anseio de que essa tecnologia poderia produzir a massificação do ensino, descartando a necessidade do professor, ou que pudesse levar a aceleração perigosa de estágios de aprendizagem com consequências graves. Argumentava-se também sobre o disparate de usar microcomputadores em escolas que eram carentes de outros tantos recursos. Hoje em dia, no entanto, já há bastante concordância sobre o fato de que as tecnologias de informação e comunicação devam ser incorporadas ao processo educacional. Permanecem, contudo, dúvidas sobre por que (ou sob qual perspectiva) e sobre como essa incorporação deve acontecer.

 

Para refletir: 

Antes de prosseguir a leitura, pare um pouco, pense nas questões a seguir e registre por escrito suas respostas numa folha:

  • Por que precisamos usar a tecnologia na escola?• 
  • • Você já apresentou essequestionamento aos colegas, pais ou mesmo aos estudantes?
  • • Caso tenha feito, que respostas ouviu?
  • • Teria por acaso ouvido que precisamos preparar os educandos para o mercado de trabalho?
  • • Você ficou satisfeito com essa resposta ou pensou em outros aspectos além desse?

 

Se você também não se contenta com esse último argumento, está convidado para uma reflexão mais ampla acerca do tema! Neste texto, apresentamos diversos argumentos para demonstrar que o uso das tecnologias de informação e comunicação pelas escolas tem razões que vão além da importante questão da preparação para o trabalho, pois entendemos que a superação das exclusões não vai se dar pela via da empregabilidade apenas. A crise social que estamos vivendo vai muito além do desemprego, pois estar empregado é condição necessária, mas cada vez menos suficiente para a cidadania.

É preciso superar a lógica da empregabilidade, pois esta não dá conta da sutileza e da complexidade da relação entre escola, tecnologia e sociedade. Não contribui também para a construção de uma educação para a solidariedade, para a equidade, para o consumo ecologicamente sustentável. Está impregnada por um conceito de desenvolvimento predatório e dependente.

Em síntese, como diz Hugo Assmann (1998), não basta educar a massa trabalhadora para alimentar a máquina produtiva, é preciso educar para provocar indignação frente a aceitação conformista da relação tecnologia X exclusão. É preciso formar cidadãos aptos a construir uma sociedade solidária, principalmente quando se considera que uma sociedade sensivelmente solidária precisa ser permanentemente reconstruída. Cada geração precisa aprender a dar valor à solidariedade. Juan Carlos Tedesco (2012) compartilha o mesmo entendimento: “no novo capitalismo a possibilidade de viver juntos não constitui uma consequência natural da ordem social senão uma aspiração que deve ser socialmente construída.” (TEDESCO, 2012, p. 20). Então,“a educação para a solidariedade persistente se perspectiva como a mais avançada tarefa social emancipatória.” (ASSMANN, 1998, p. 21).

O professor Tedesco nos ajuda também a compreender de que tipo de solidariedade esta época em que vivemos necessita. Ele esclarece que:

"A solidariedade que exige este novo capitalismo não é a solidariedade orgânica própria da era industrial, senão uma solidariedade reflexiva, consciente, que deve ser assumida com graus muito mais altos de voluntarismo do que no passado." (TEDESCO, 2012, p. 20).

Ou seja, não se trata mais de cada um simplesmente fazer bem a sua função, sem precisar entender muito a respeito das funções dos outros. Agora trata-se de precisar refletir a respeito da complexidade da rede de relações que estabelecemos e das consequências das nossas ações sobre os outros, pensando e agindo coletivamente em busca do bem comum.

O uso ou a incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) nos processos educativos tem implicações que ultrapassam de longe os muros de uma sala de aula ou de uma escola. Afinal, essas tecnologias favoreceram grandes mudanças, neste período que está sendo chamado de revolucionário.

Analisando a história da nossa civilização, percebemos que em vários momentos ocorreram mudanças revolucionárias no modo como o homem vivia. Aprofundando a nossa análise dessas revoluções históricas percebemos que entre seus motivos estava sempre a invenção de alguma ferramenta que expandiu a nossa capacidade de ação sobre o mundo (ou sobre a nossa realidade), ou, que expandiu a nossa capacidade de comunicação e de expressão. Tomemos como exemplo a revolução industrial com seus inventos principais: a máquina a vapore a criação da imprensa.

 

As TIC ampliam essas capacidades de modo extraordinário, e, por isso, a dimensão das mudanças que elas estão produzindo vem gerando profundas crises e desequilíbrios. O mercado de trabalhoque afeta a vida de todos também vem se transformando continuamente: muitas profissões e postos de trabalho foram extintos; novos produtos são criados constantemente; há desemprego em muitos setores e falta de trabalhadores em outros.

"A mutação das técnicas produtivas é acompanhada por novas formas de divisão do trabalho e, logo também, pelo surgimento de novas classes sociais, com o desaparecimento e a perda de poder das classes precedentes, por uma mudança da composição social e das próprias relações políticas." (ROSSI apud MUSSIO, 1987, p.20).

Muitas incertezas afligem as pessoas nessa nossa época de uso intensivo de TIC. Dentre as questões em destaque estão:

  • Como garantir sociedades democráticas e participativas?• 
  • • Como garantir o acesso à informação por todos e evitar o aumento das formas de controle e vigilância da informação?
  • • Como conseguir eficiência econômica e evitar mais concentração de renda?
  • • Como conseguir segurança pública e evitar a instalação do terror?
  • • Face às diferenças que se acirram, como conseguir uma sociedade com respeito mútuo, com justiça distributiva e sem invasão da privacidade ou massificação?

 

Para refletir: 

Convidamos você novamente a parar um pouco a leitura e tentar fazer uma síntese do que foi dito. Uma boa estratégia para fazer uma síntese é construir um mapa conceitual. Vamos dar um exemplo iniciando a construção de um para os parágrafos acima.Se você achar interessante pode completá-lo a partir do ponto em que paramos.

 

Novamente voltando alguns anos atrás, havia grandes expectativas sobre os efeitos da expansão do uso dessas tecnologias. Muitos estavam bastante otimistas, mas já havia quem alertasse que não deveríamos sê-lo, pois “nada está decidido a priori.” (LÉVY, 1993, p.9). Lévy nos lembrava já em 1993 que teríamos que inventar como gostaríamos que essa nova sociedade da informação fosse, do mesmo modo que inventamos a sua tecnologia. Ele ressaltava que havia um grande descompasso e distanciamento entre “a natureza dos problemas colocados à coletividade humana pela situação mundial da evolução técnica e o estado do debate coletivo sobre o assunto.” (LÉVY, 1993, p.7).

 

Hoje em dia a realidade já não nos permite mais ser otimistas. É um fato bastante triste que no mundo de hoje – onde nunca tanta riqueza foi produzida – há tanto ou mais fome, doenças e injustiças se compararmos a tempos atrás. Logo, tanta tecnologia, por enquanto, não produziu os efeitos desejados. Está ficando bastante claro que a forma de uso que damos às TIC é determinante nas respostas dadas a todas as questões que apresentamos acima. De modo geral, pode-se dizer que as TIC abrem muitas possibilidades, mas a determinação do que - dentre o que é possível - vai se tornar realidade é do âmbito da política.

Então, se queremos uma Tecnodemocracia vamos precisar formar os sujeitos para isso. Precisamos pensar em alfabetização tecnológica para todos, pois quem não compreende a tecnologia não vai poder opinar sobre o que fazer com ela. Mas a alfabetização tecnológica é apenas o segundo passo (o primeiro é o acesso). A inclusão digital pra valer significa mais do que simplesmente ter acesso e saber usar. Inclusão Digital! Este é um conceito importante e que merece mais discussão

Felizmente, na perspectiva de acesso, o Brasil certamente avançou nos últimos anos.

 

Segundo essas pesquisas, pode-se observar que a taxa brasileira média de acesso à Internet nos domicílios cresceu de 12,93%, em 2005, para 38% em 2011. Esses resultados são devidos a diversas políticas públicas que alteraram as condições de acesso do cidadão às tecnologias digitais e, desse modo, constituíram-se nas bases para a ampliação da cultura digital no nosso país. Dentre tais programas podemos citar: Programa Banda Larga na Escola; CDTC – Centro de Difusão de Tecnologia e Conhecimento; Programa Computador Portátil para Professores; Programa e Projeto UCA – Um Computador por Aluno; Programa SERPRO de Inclusão Digital – PSID; Projeto Computadores para Inclusão etc.

No contexto educativo, conforme pesquisa “TIC Educação” doCETIC, de 2011, a proporção de professores com acesso à Internet nos domicílios é de 89% e a proporção de alunos que já utilizaram a Internet é de 91%. Esses últimos dados parecem bastante satisfatórios. Contudo, precisamos analisar o quadro de forma mais ampla. Podemos observar, por exemplo, na mesma pesquisa, no critério “D1 - Forma de aprendizado do uso de computador e Internet pelo aluno” que o aprendizado do uso das TIC ocorre predominantemente fora da escola:

  • sozinho: entre 45% e 61% do total de alunos entrevistados;• 
  • • com outras pessoas: entre 27% e 52%;
  • • fez um curso específico: entre 7% e 37%;
  • • com educador ou professor da escola: entre 6% e 15%;
  • • com outros alunos: entre 1% e 8%.

Isso nos traz diversas dúvidas sobre a criticidade da apropriação por parte desses estudantes. Concordamos com Belloni (2010) que a escola precisa assumir um importante papel na Inclusão Digital:

"O papel da escola como dispositivo de inclusão e democratização do saber é extremamente importante, fundamental para a formação de usuários competentes, criativos e críticos (distanciados), capazes de colocar as TICs a serviço da criatividade humana e da solidariedade social. Para isso todavia serão necessários grandes esforços de formação de profissionais, além de formas competentes e eficazes de equipamentos , que façam da escola um espaço de descoberta e formação de crianças e jovens para exercerem sua cidadania e sua criatividade na “sociedade digital."(BELLONI, 2010, p. 123).

Belloni nos alerta então que a escola precisa recuperar seu papel como espaço legítimo de formação para o uso cidadão das TIC. Realmente as escolas são um espaço especial para inclusão digital, não só pela disponibilização e compartilhamento de recursos que proporciona, mas muito mais pelo poder que tem para influenciar tantas crianças e jovens justamente num momento em que são tão abertos e ávidos por aprender.

Para avançarmos na compreensão do conceito de Inclusão Digital, vamos fazer uma comparação com a alfabetização para a escrita e a leitura. Sabemos muito bem que o que é entendido como ser alfabetizado, muitas vezes é apenas ter atingido a capacidade de ler uma página impressa e de assinar o próprio nome. Sabemos que um cidadão precisa muito mais do que isso. Um cidadão precisa poder decidir sobre o que quer ler e ter acesso aos materiais que lhe interessam; precisa poder escrever com competência sobre o que desejar; e, acima de tudo, precisa, quando julgar necessário, ter assegurado o direito de ser lido.

O que queremos dizer é que a massificação de competências técnicas não é suficiente. É preciso mais. É preciso promover compreensão crítica sobre as tecnologias. Piero Mussio, abordando a questão da alfabetização tecnológica, destaca:

"Há dois níveis de compreensão de um instrumento tecnológico. O primeiro é o da compreensão técnica, típico dos especialistas [...] O segundo nível é o da compreensão do uso do instrumento [...] sendo capaz de avaliar, julgar o instrumento proposto não por seus mecanismos internos mas pelas suas funções (globais) externas." (MUSSIO, 1987, p.16).

"Mussio lembra que é preciso fazer crescer a consciência do significado cultural do instrumento de forma a minimizar a “delegação” de poder aos especialistas. Nesse nível de compreensão o usuário passa a naturalmente ser ator do projeto de inserção tecnológica. Acontece que esta atuação para se tornar explícita exige um processo trabalhoso de aprendizado, de compreensão e de adaptação. A questão que Mussio levanta nesta problemática é: como permitir a quem quiser usar convenientemente um artefato tecnológico, informar-se, não para ser civilizado ou alfabetizado apenas, mas para melhorar a si mesmo, ativando funções críticas autônomas de avaliação de tais sistemas, por aquilo que fazem e pelo modo como fazem." (RAMOS, 1996, p.6)

Em outras palavras, já que as TIC mudam profundamente os meios de produção e de consumo, o que está em jogo é o controle político e social desses meios.É preciso compreender a tecnologia para poder dizer como elas devem ser. Para Illich (1976), dominar uma ferramenta é muito mais do que aprender a usá-la, significa a garantia da possibilidade de se definir conjuntamente o que vamos fazer com elas.

Outro autor que analisa o conceito de Inclusão Digital é Edilson Cazeloto. Esse autorcritica a ideia de universalização da cultura de uso das TIC pois nos alerta que incutida nela está muitas vezes o fortalecimento da hegemonia capitalista, que fomenta desigualdades sociais. Os processos de inclusão digital precisam ser realizados levando em consideração tradições, saberes e práticas culturais anteriores:

"Nos discursos e práticas de inclusão digital, o acesso às máquinas informáticas é tomado como sinônimo de ascensão social ou de participação sociopolítica efetiva, quando, na verdade, a informatização generalidade do cotidiano (notadamente para as camadas de baixa renda, alvo principal dos programas sociais de inclusão digital) não faz senão o contrário: reforça as estruturas de subordinação e poder da cibercultura e capilariza as redes de produção internacionais até o espaço da vida privada."(CAZELOTO, 2008, p. 161).

A intenção com o que foi até agora dito é a de sublinhar a necessidade de criar posturas autônomas e críticas de aprendizado sobre a tecnologia. Boff (2005) explicita essa ideia dizendo que precisamos educar os sujeitos para que sejam críticos, criativos e cuidantes. Ser crítico, para ele, é a capacidade de situar cada evento em seu contexto biográfico, social e histórico, desvelando os interesses e as conexões ocultas entre as coisas. É ser capaz de responder: quais tecnologias servem a quem? Já, continua Boff,

[...]"somos criativos quando vamos além das fórmulas convencionais e inventamos maneiras surpreendentes de expressar a nós mesmos [...]; quando estabelecemos conexões novas, introduzimos diferenças sutis, identificamos potencialidades da realidade e propomos inovações e alternativas consistentes." (BOFF, 2005, p. 09).

Enfim, ser criativo significa ser capaz de recriar-se e de recriar o mundo, ou de inventar as tecnologias que queremos. Por último, e mais importante, é preciso ser cuidantes. Ser cuidante é ser capaz de perceber a natureza dos valores em jogo, de estar atentos ao que verdadeiramente interessa, discernindo que impactos nossas ideias e ações têm sobre as outras pessoas, e sobre o planeta. Sem o cuidado e a ética esvaziamos as capacidades críticas e criativas, pois, não nos esqueçamos que vivemos um tempo em que nossas ações estão em vias de inviabilizar a vida no planeta.

 

Para refletir: 

Grande parte dos jovens hoje demonstram facilidade para apropriação técnica dos mais diversos dispositivos, certo? Mas será que eles possuem maturidade para um uso crítico e ético?

Talvez, você e seus colegas tenham observado situações em que a apropriação das TIC fomentou comportamentos competitivos e consumistas nos estudantes. Por exemplo, situações de comparação entre marcas e expressão de desejo pela aquisição do “último” modelo.

Levando em conta condutas acríticas e dependentes de apropriação das TIC, sugerimos que você pense então na importância dos profissionais da educação para transformar positivamente esses processos de Inclusão Digital. Você e seus colegas na sua escola já haviam sentido antes a necessidade de fazer essa reflexão? Pode anotar em que situações essa necessidade havia surgido?

 

No caso do aprendizado sobre a tecnologia, podemos então entender que, além de aprender a usar, é preciso ser capaz de dizer para que usar e para que não usar e, ainda, ser capaz de dizer como deve ser a tecnologia a ser usada. Portanto, defendemos que os educadores e a escola possuem um papel central para esse tipo de formação. Os jovens talvez tenham maior habilidade técnica, mas certamente não possuem a maturidade, experiência e postura crítica dos educadores. Podemos, assim, compreender os enormes benefícios que a atuação colaborativa entre educadores e estudantes potencializa!

Caso contrário, se deixarmos que a cultura técnica se estabeleça a partir dos discursos publicitários predatórios dos meios de comunicação de massa, corremos sérios riscos de que a cultura tecnológica se construa a partir de interesses hegemônicos, capitalistas. Dito de forma simplista, estaríamos fomentando a superioridade do “ter” ao invés do cuidado para com o “ser”.

Neste momento, acreditamos que esteja claro para você por que este curso não foca apenas em questões técnicas. Assim, apesar de sabermos que você provavelmente esteja ansioso(a) para “colocar a mão na massa” em atividades práticas de uso das TIC, contamos com sua compreensão sobre a relevância dos aprofundamentos teóricos e reflexivos que estamos propondo nesta primeira unidade. Teremos MUITAS atividades práticas pela frente, mas antes de mais nada queremos garantir um tom crítico e produtivo para essa apropriação técnica.

 

Portanto, com base nos estudos até o momento, salientamos que Inclusão Digital é um processo abrangente que integra ações de ampliação do acesso a computadores, conectados à Internet e de formação para o seu uso competente e autônomo, buscando livre participação, por parte de todos os membros da sociedade.

 

Esperamos tê-lo(a) instigado para aprofundamentos teóricos e, nesse sentido, deixaremos referências para aprofundar seus estudos sobre Inclusão Digital, compreendendo aspectos sociopolíticos que ampliarão sua compreensão e criticidade.

 

Cremos que você já esteja ansioso(a) para iniciar a prática, por hora, vamos apenas concluir tecendo algumas problematizações sobre TIC e currículos e lhe propondo uma atividade para registrar as aprendizagens que teve até o momento.

TIC e currículos

Existiria um conjunto de conceitos fundamentais sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) que precisariam ser dominados por todos os cidadãos? Não temos dúvidas sobre isso nas disciplinas de matemática, de língua portuguesa, de história etc. Mas, quais seriam esses conceitos no caso das TIC? Alguns nos vêm à mente: o que é um computador? Quais as medidas de Informação (bits, gigabytes, …)? Como ocorre a transmissão de dados? O que é digital? O que é hipertexto? Como se estrutura a web física e logicamente? Qual é a geopolítica da web? O que é um banco de dados? O que é software e hardware? Qual a ética que embasa o movimento de software livre? Quais os princípios das linguagens de programação?

Tudo o que discutimos até agora são questões que podem orientar sobre como usar as TIC na escola. Elas podem ajudar a definir os currículos (seus conteúdos, objetivos e métodos); a definir a orientação da prática pedagógica; os tipos de softwareeducacional que devemos usar; a formação dos professores; a organização da distribuição e uso dos recursos computacionais etc. Enfim, elas podem ajudar a definir como o nosso dia a dia na escola deverá ser reorganizado.

Mas, finalizando, precisamos considerar que o computador é também uma importante ferramenta pedagógica que pode ajudar a desenvolver o raciocínio das pessoas. Na verdade, acreditamos que a incorporação da tecnologia ao processo educativo cria uma oportunidade ímpar para a estruturação e implantação de novos cenários pedagógicos. Sabemos que o nível de interatividade dessa ferramenta tem potencial para produzir novas e riquíssimas situações de aprendizagem. Pelo seu potencial pedagógico podem também ser espaço da cointegração entre disciplinas. E, por isso tudo, podem contribuir para a valorização dos educadores e para o seu reencantamento pelo ato de educar. Além disso, frente a essa interatividade, as debilidades da educação baseadas na transmissão, no treino e na memória ficam tão evidentes que é difícil não percebê-las.

Piaget já nos falava que a aceitação de erros é fundamental para a construção significativa e verdadeira do conhecimento. Sem errar não se chega ao conhecimento. É preciso experimentar, tentar e tentar de novo. Então, o professor que vai fazer uso de TIC de um modo proveitoso precisa perder o medo de experimentar junto com seus alunos, precisa negar o verticalismo da sua relação com eles buscando mais confiança e companheirismo. Ninguém está aqui anunciando o fim da autoridade do professor, mas sim o abandono do autoritarismo que está intrínseco ao ensino das soluções prontas e acabadas, adotadas sem crítica nem compreensão. Nem estamos advogando que tudo precise ser reinventado, pois há muitas soluções excelentes para muitos problemas. Não estamos também negando a importância do treino e dos exercícios de repetição no aprendizado. Estamos sim negando o seu uso acrítico e alienado. Acreditamos que a aprendizagem significativa e crítica que queremos ver implementadas com as TIC pressupõem o coletivo, a cooperação entre pessoas e disciplinas e o diálogo franco e livre.

 

Atividade 1.1  

 

Momento 2: Elaborando o seu texto

Agora que você já terminou a leitura, pense numa (ou nas) escola(s)que você conhece que possui/possuem laboratórios de informática. Elabore, então, um pequeno texto descrevendo como as TIC são utilizadas.

Considere os seguintes aspectos:

  • As TIC fazem parte do diaadia em sala de aula (computadores móveis, celulares) ou o uso se restringe ao laboratório?• 
  • • Quem usa o laboratório? O que os alunos fazem no laboratório? Os alunos gostam de trabalhar com os computadores?
  • • Foi ou não criada uma disciplina de informática na escola?
  • • Que mudanças a chegada das TIC trouxe para essa escola em geral?

Continue a construção do seu texto analisando o modo como a tecnologia está sendo utilizada nessa(s) escola(s). Procure basear sua análise nas reflexões sobre o conceito de Inclusão Digital, que a leitura do texto lhe proporcionou. Sinta-se livre para incluir o que julgar necessário na sua análise. Sugerimos considerar alguns aspectos:

  • o uso das TIC na escola conhecida está promovendo ou não a capacidade de serem críticos, criativos e “cuidantes” (como diz Leonardo Boff)? Por quê?• 
  • • Esse uso está promovendo ou não uma aprendizagem significativa e crítica? Por quê?
  • • Que mudanças você percebeu na escola? Deveriam haver mudanças?

Se você não conhece nenhuma escola que já faça uso das TIC, deve então construir um pequeno texto com alguns parágrafos desenvolvendo alguma ideia ou questionamento que a leitura lhe suscitou. Ou se preferir e houver tempo e oportunidade, você poderia visitar uma escola próxima que possui esses recursos e entrevistar os seus professores e funcionários para coletar as informações necessárias.

Elabore um pequeno texto refletindo sobre modo de inserção das TIC nas escolas, levando em consideração as diferentes dimensões que envolvem o conceito de Inclusão Digital.

Lembre-se do que comentamos sobre a importância da aceitação dos erros e sinta-se tranquilo(a) para realizar o exercício sem cobrança de preciosismos. Afinal, estamos recém-iniciando o curso e, portanto, é natural que você sinta dificuldades para realizar uma análise complexa. Não se preocupe, o exercício tem exatamente esse propósito: de identificar os pontos que você sente fragilidades na compreensão. Identificar essas lacunas é essencial para podermos buscar subsídios para supri-las.